quarta-feira, 6 de novembro de 2013

História Do Design

 Arquitetura e Design


 A virada do século: 1890 - 1910


Ruas de Londres, finais do século XIX


 A Revolução Industrial do século XIX trouxe tantos avanços como graves problemas urbanísticos de qualidade e de quantidade causados pelas mudanças na estrutura social, econômica e cultural. Se extinguiram velhas classes sociais, artesãos e pequeno comércio. As migrações às cidades grandes, o surgimento de fábricas e o crescimento populacional era incompatível com a velha estrutura das cidades comunitárias A estrutura destas cidades pouco tinha mudado desde a aparição dos grandes burgos que cresceram de forma lenta desde o Renascimento: as ruas pequenas e as edificações antigas não suportavam mais tanta mudança. A pobreza se estendia desordenada ao redor dos centros urbanos enquanto crescia o trânsito de veículos e pessoas nas ruas. 
 Os arquitetos foram chamados a resolver estes problemas com a construção de bairros para os operários das fábricas e na remodelação da estrutura de vias e estradas.

 Mas as soluções respondiam a interesses de classe. Nos bairros ricos na moda Art Nouveau se abriram novas vias de trânsito e se ampliaram as principais avenidas onde o comércio crescia. Elegantes ruas e lojas se abriam e novos edifícios modernistas se construíram nos centros mais ricos. Em contraste, os bairros para operários ao redor das fábricas careciam do luxo e glamour da Belle Epoque. Ruas estreitas e sujas sem saneamento e com bicas de água compartilhada, casas geminadas com sistema de fossas, rios poluídos e ar contaminado pela fumaça das fábricas caracterizava a paisagem das cidades satélites.

  As propostas de Ruskin e Morris e dos arquitetos modernistas, que pretendiam fazer das cidades uma segunda natureza com um estilo florido e curvilíneo constituíam antes que uma solução, um escape, uma ilusão que escondia os graves problemas dos ambientes urbanos. Por este motivo no final do século o interesse dos arquitetos se deslocou para o planejamento urbanístico.



A Escola de Chicago


  Em Estados Unidos as cidades não tinham os problemas europeus, as grandes dimensões do continente norte-americano se traduziram também em grandes espaços para as edificações, para os ambientes urbanos e vivendas onde a sociedade se organizava de acordo às funções espaciais. Os arquitetos modernistas, como os artistas, recusavam o ecleticismo histórico carregado de formas despidas de significado e propunham uma arquitetura mais funcional na nova sociedade moderna. A mudança da arquitetura tradicional ao urbanismo se processou no interior da pesquisa artística.   

  Em 1871 a cidade de Chicago, que numa época do ano apresenta altas temperaturas e seca, sofreu um grande incêndio que destruiu uma parte da cidade. As casas eram todas feitas de madeira e nos edifícios a estrutura e o acabado também eram deste material. Para a reconstrução foi criado um plano de planejamento urbano que atraiu muitos arquitetos modernistas e que fizeram da nova Chicago uma das mais importantes da América. Entre eles estava Louis Sullivan que acreditava numa autentica arquitetura americana adequada à nova forma de vida moderna. Ele pensava que um edifício devia refletir seu próprio tempo e espaço e manter uma relação dialógica com o meio ambiente natural. A arquitetura não devia interromper o movimento da cidade, mas filtrar, intensificar e o ornamento devia fazer parte da estrutura formal, não como um adereço. Para ele a arquitetura devia seguir os princípios orgânicos da natureza:

 “É a lei das coisas orgânicas e inorgânicas, de todas as coisas físicas e metafísicas, das coisas humanas e sobre humanas, de todas as verdadeiras manifestações da mente, do coração e da alma, que a vida é reconhecida na sua expressão, que a forma sempre segue à função, é uma lei” Louis Sullivan.

 Além dos princípios estéticos e funcionais da sua arquitetura, o que levou Sullivan à fama foram os aranha- céus. O uso de estruturas de ferro que se iniciou com o Palácio de Cristal de Paxton, foi melhorado com a produção de aço nos Estados Unidos. Este novo material, mais leve e maleável, permitia elevar as construções até alturas nunca antes imaginadas. Sullivan e outros arquitetos ligados a esta nova visão do espaço urbano ficaram conhecidos como a Escola de Chicago. 




Louis Sullivan Edifício Wainwright 1891 e National Farmer’s Bank 1908

A nova tecnologia arquitetônico da Escola de Chicago trazia muitas vantagens: as vigas de aço eram a prova de fogo, as paredes se inserem na estrutura deixando mais espaço, novos andares podem ser acrescentados e os muros exteriores não são mais necessários para o sustento da estrutura pudendo ser substituídos por janelas maiores. A partir de então edifícios cada vez mais altos se levantaram, era a nova cidade moderna. Eram cidades que não tinham o apego aos estilos históricos que na Europa se levantaram através dos séculos desde o Império Romano.

A Escola da Pradaria


 Os jovens arquitetos seguidores de Sullivan, entre eles Frank Lloyd Wright, formaram um novo movimento arquitetônico inspirado nos seu pensamento que ficou conhecido como a Escola da Pradaria (de pradeira). Para Wright os aranha céus eram a expressão do poder político e acreditava que na América a arquitetura devia ser livre de estilos históricos. Esta nova escola não estava mais interessada no edifício, mas na casa, simultaneamente urbana e natural com projetos a escala de território, não mais de cidade, se inserindo na paisagem natural com formas geométricas. Estas casas formaram os bairros que mais tarde ficaram conhecidos como subúrbios.




Frank Lloyd Wright, Casa Kaufmann ou casa da cascata, 1937

Para Wright era central o conceito de espaço e ambiente antes que o de matéria. As casas que ele desenhava tinham fortes estruturas verticais e horizontais, contraposição de planos, decoração manufaturada á vista, a planta era livre e a estrutura articulada. Ele usava os materiais do lugar para manter a relação com as características do local e acreditava que o design devia ir no todo e nas partes. Da estrutura ao acabamento interno, ao mobiliário e os objetos o estilo da escola da Pradaria favorecia a manufatura artesanal e o uso de materiais rústicos. Com estas características conquistou uma clientela rica que gostava do estilo Arts and Crafts.




Purcell & Elmslie, Casa Bradley  ("Aeroplano") Wood's Hole, MA, 1912


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